sábado, 2 de outubro de 2010

7 meses e volta ao trabalho...

Pois é, eu pensei que demoraria a passar. "Só volto a trabalhar qundo ele tiver 7 meses, já vai estar grandinho", era o que falava pra todo mundo que me perguntava. Como servidora pública, fui beneficiada pela licença-maternidade de 6 meses e ainda emendei com férias. O tempo foi passando e quando vi, já foi.

Cadê meu bebê grandinho, independente e desapegado que eu tinha imaginado? Gente, é meu BEBÊZINHO.

Sim, 7 meses não é nada. Nada pra já assim, separar a mãe do filho pra ela voltar a trabalhar. Sei que a maioria das mulheres tem licença de 120 dias (4 meses, absurdo!) e que sou privilegiada,mas ainda é pouco, é pouco. Acho que 1 ano seria ideal, talvez 2. Mas talvez quando essa época chegasse, eu acharia que ainda era cedo, talvez.

A verdade é que depois do parto, essa é  a segunda grande separação entre mãe e filho. Pelo menos no meu caso. E não digo separação pelas horas que ficaremos longe um do outro. É outro nascimento. Até então estavámos se conhecendo, se namorando, aprendendo juntos, num mundinho particular. Criamos nossa rotina. Tiramos sonecas juntos. Extensão do corpo por 24 horas seguidas. Era nosso universo. Ele tava na barriga, só que do lado de fora. Eu era só dele, não tinha outra função na vida.

Agora reassumi meu outro papel (outros até, porque muito do nosso lado mulher, volta com o lado profissional) e meu filhotinho que tava debaixo da minha asa, agora começa a conhecer outro mundo. Não me preparei psicologicamente, porque acho que não existe "preparo" pra isso. Assim como foi com meu parto, com a amamentação, com a rotina, com os cuidados, confiei no ritmo da vida. Ela tem que seguir. Sou natural.

Me conheço e se parasse pra pensar, teria perdido horas de assistir desenho juntos,de passear na pracinha, de passar o dia de pijama, de rolar no chão com ele,pensando em "como seria".

Deixei chegar a sexta-feira. Me arrumei. Arrumei a malinha. Dei um beijinho na testa dele, disse que a mamãe ia trabalhar, mas que logo ia buscá-lo e que o amava muito.

(Dias antes já vinha conversando com ele sobre isso. Dizia que ele ia ficar com a Vovó pela manhã, pra mamãe poder trabalhar, mas que eu ia buscá-lo, pra ele não se preocupar, etc...
Trato meu filho como um ser humano com emoções e não com um bebê que não entende nada. Se ele entende? Não sei, mas ele é uma pessoa e merece respeito, satisfação, diálogo).

Por incrível que pareça meu coração só apertou quando eu vi nosso carro saindo do meu local de trabalho (O Heitor foi me deixar, depois ia levar o Miguel pra mãe dele). Umas lágrimas rolaram, mas de resto só saudade mesmo. Trabalhei como antes, só que muito, muito mais feliz que antes, pois agora sei que tem um gordinho sorridente à minha espera.

O fato dele estar com a avó conta muito, pois me deixa tranquila sobre seu cuidado. Sei que sua rotininha será mantida, que terá o tanto de carinho e atenção merecida. Eu e Heitor decidimos que ele só irá pra escolinha com 1 ano, idade que achamos adequada. Até lá faremos uma força tarefa e ele ficará conosco (avós e nós).

Achamos que foi uma decisão acertada.

Incrível como Miguel é tranquilo como tudo que o envolve. Acreditar no ritmo das coisas, nas possibilidades que a vida oferece, pensar no seu bem estar e saber lidar com o inevitável talvez seja o segredo. Não me preocupei,descabelei, chorei ou me estressei um dia sequer por ter que deixar ele pra ir trabalhar.

Era inevitável e eu precisava lidar com isso e ainda pude tirar coisas boas disso tudo. Apesar de ser maravilhoso ser mãe-full time, é mais maravilhoso ainda sair de casa, se arrumar, se relacionar com outras pessoas, trabalhar com o que gosta para poder ser mãe mais "qualidade que quantidade".

Acredito sinceramente que na maternidade não há rótulos ou esteriótipos. Não acredito que uma mãe em tempo integral seja melhor que uma mãe que trabalha fora o dia todo. Tudo depende de como administramos a situação e a usamos a nosso favor.

Do que adianta a pessoa abdicar da carreira pra cuidar de filho 24 horas por dia, se coloca nele sua frustração de não ter dinheiro pra nada? Se passa o dia reclamando que tá cansada do filho? Que não tem vida social? Que ninguém reconhece seu trabalho/cansaço?

O mesmo pra quem escolhe se dedicar à carreira, mas não consegue ser 100% porque se sente culpada e menos mãe por isso.

Eu, no momento preciso do meu salário pra, justamente dar o melhor pro meu filho e na conjuntura atual, abdicar da estabilidade de uma carreira pública é loucura. E nem sei se seria bom se isso acontecesse no meu caso.

Trabalhar faz bem pra minha auto-estima. Me sinto competente,capaz, feliz. E assim, posso ser uma mãe INTEGRAL e nem preciso estar 24 horas com o Miguel pra isso.

Assim que cheguei no trabalho, minha coordenadora pediu pra alterar minha carga horária, que passasse de 30 para 40 horas semanais. Isso daria um aumento salarial significativo na minha renda. Mas fiz opção: NÃO!Prefiro passar a tarde com meu filho.Renunciar faz parte e avaliar prioridades é fundamental. Eu escolhi a minha.

Assim, cheguei no meu equilibrio. Trabalho de manhã. À tarde volto pra minha função de mãe, bem mais realizada. E cheia de saudade.

E assim, nesse clima de "curtir o final de semana como nunca", hoje completamos 7 meses de Miguel. E falar dele ainda me leva às lágrimas.

7 meses

Obrigada filho por me escolher, obrigada por me dar a honra de ser sua mãe.

7 comentários:

  1. Litrooooos de emoção...
    Me coloco no seu lugar, nas suas palavras e me emociono.
    Penso que tens muita habilidade em lidar com os desafios da maternidade. Te admiro por isto.
    Teu filho está cada dia mais lindo. E tem uma mãe especial.
    Deus proteja vocês, amiga!
    Beijo grande.

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  2. Deixar um filho em casa, ou com a avó ou na escolinha sempre aperta nossos corações, mas ele vai ficar bem, e você também, quando se acostumar com a vida de mamãe trabalhadora... é, é a gente que tem que se acostumar, se desapegar das "24 hs por dia juntinhos" e é um puta sacrifício, é mais difícil para mãe, eu tenho duas filhas e a mais nova foi com 1 ano para escolinha (antes eu estava desempregada) e... eles serão sempre nossos bebês pequenos, um abraço.

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  3. Voltei a trabalhar ha quase 2 meses e tem dias que não faço outra coisa a não ser pensar no meu pequeno. Sei que ele está bem cuidado na escolinha, mas ninguém substitui meu amor e meus cuidados.
    Mas eu gosto do meu trabalho, do que ele me proporciona como profissional, é outro aspecto da minha vida, pra que eu seja plenamente feliz.
    E vou te dizer, quando cheguei em casa do meu primeiro dia de trabalho e meu filho abriu um sorrisão, foi a coisa mais maravilhosa do mundo.
    Bjs

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  4. Com certeza tempo não é qualidade.
    Sinto falta de trabalhar fora tbém e concordo que é bom pra auto-estima e mãe feliz e uma melhor mãe...
    Vc vai tirar de letra linda
    Lindos dias viu???
    Ah queria fazer outro topoproseu blog manda fotos novas pra eu fazer???
    Beijos
    Adoro vc

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  5. "ser uma mãe INTEGRAL e nem preciso estar 24 horas" ótimooooooo! seu post me fez reletir muitas coisas, me senti abraçada! foi muito bommm!

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  6. Me diz o que é o sorriso do Miguelito nessa foto?
    MORRI!
    Beijos estalados nos dois!

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  7. Olá, passei aqui pelo seu Blog e gostei mto. Minha filha tem praticamente a mesma idade do seu lindo Miguel e me identifiquei bastante com seus posts. Esse aqui da volta ao trabalho entao! Q bom q vc tem a opção de trabalhar meio periodo, esse é meu sonho de consumo! Tb sou funcionaria publica, mas trabalho o dia todo e Clarinha fica na creche.
    Abraços

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