quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Tirei a plaquinha de aluga-se

“Quem conhece uma mulher de gêmeos sabe que é muito difícil ver a mesma pessoa por muito tempo. Suas fotos nunca parecem ser da mesma pessoa e suas mudanças de comportamento deixam qualquer um sem saber se acabam de conhecer uma nova mulher ou se ainda está falando com uma velha amiga! Sim, o signo de Gêmeos é o signo da mutação, de todos aqueles que gostam de mudar, experimentar e ultrapassar horizontes. Se existe algo que pode matar esta mulher é a monotonia. Como um camaleão ela vai assumindo várias formas, encantando e intrigando os homens. Ao contrário do que possa parecer, seu jeito misterioso consegue agradar a muitos homens que acabam ficando apaixonados.”.

                                    

                       Cabelo é a coisa que eu mudo mais (preguiça de fazer uma montagem com todos)

Desconsidere o fato de eu não acreditar em signos e essa parte de agradar muitos homens e deixa-los apaixonados, porque to pegando nem gripe.

É sério. Não acredito em previsões astrológicas, nem sei meu ascendente, tampouco olho meu horoscopo semanal. Mas o fato é que não sei a coincidência que rola entre a descrição da típica geminiana comigo. Qual a “estratégica” (#NicoleBalhsfeelings) que os astrólogos usam não sei, mas que bate, bate.

Então que sou isso aí. Odeio monotonia. Odeio rotina. Odeio as mesmas coisas. Enjoo das coisas. Do mundo. Das pessoas. Adoro mudar, apesar de ser extremamente acomodada e preguiçosa (tá vendo? Gêmeos são dois. Logo, duas personalidades e assim uma contradição explícita). Adoro viajar. Adoro conhecer pessoas novas, apesar de ter pânico de semi-conhecidos e a-d-o-r-a-r fazer coisas sozinha (ir ao cinema e almoçar são duas delas, me deixe na minha autossuficiência).

Tudo isso pra exemplificar que amo esse frio na barriga. Amo o abstrato. Amo o porvir. O desvendar do novo. Amo mudar. Literalmente falando. Agora, estou falando de uma casa com 5895 caixas, móveis espalhados e muita desordem. Falo depois de um final de semana retirando papel de parede (da paredem, dã) com faquinha de cozinha. Lavando chão. Pintando parede (mentira, eu não). Subindo minhas coisas (que é minha história) de escada para o 4º andar de um prédio novo, numa cidade nova, com vizinhos novos.

Pois é, mudei. Em menos de 3 anos é minha 3ª casa.

É muito. Mas é muita história. E muitos momentos diferentes e para cada um deles tive que me reiventar de uma forma, que foi refletida na mudança física de ambiente.

2009 – Foi a principal. Foi quando engravidei e resolvi casar. Foi a ruptura maior (e mais dolorosa). Foi quando saí da zona de conforto da casa dos meus pais, com comida feita e roupa lavada e passada como num toque de mágica. Simbolizou sair do meu lugar de menina-filha para ir para mulher-mãe-esposa. Foi a euforia de procurar um apartamento. O meu. Ou na época o nosso, já que estava começando minha família. Foi o apartamento mais amplo, bonito, espaçoso e novo que eu morei. Porém é o que eu menos tenho saudade. Foi ali que comecei a perceber que foi um erro ter casado, que dóia descasar, que era difícil crescer. Ali chorei muito mais do que ri. Pelos meu problemas no casamento, que eu diria que eram existenciais até. Foi ali que muitas vezes desejei voltar minha vida no tempo, para não ser mãe, para não ser adulta, para não sofrer. Tudo isso junto com as descobertas prazerosas da maternidade e da única certeza que era o amor do/e pelo meu filho. Foi complexo. Foi confusão de sentimentos. Mas era necessário aquilo. Ali, eu comecei a olhar para as paredes brancas e vazias e achar que aquela casa linda e ampla, mas monótona e nada aconchegante, poderia ser o reflexo da minha vida. Foi quando eu comecei a gostar de decoração. Quando eu tentei ser melhor. Tentei salvar meu casamento. Tentei recomeçar. Mas precisava ser em outro lugar. As paredes com singelos quadros e uma capinha rosa nos sofás que alegraram visualmente minha vida foi importante, mas eu tinha que ir para um lugar menor. Queria aconchego. Queria me sentir acolhida. Queria calor. Queria poder deixar meu filho na escola sem depender de ninguém (não dirigia na época) e também ficar mais perto do meu trabalho. Decidi. Achei o meu futuro.Mesmo que ele fosse incerto.



2011 – Mudei. Ainda casada. Mas oriunda de várias, sucessivas e fortes abalos nesse casamento, que no fundo eu sabia que não ia durar. Tanto que procurei o apartamento sozinha. De 1 quarto apenas. Não tinha mais aqueles sonhos de antes, de amor eterno e casamento para sempre. Pelo menos não naquele momento. Esse apartamento simbolizou minha busca pela independência. Meu desejo de recomeçar sim, mas com pés no chão. Ali eu comprei móveis e objetos legais. A decoração do meu cafofo (de 40 m2 – o antigo tinha 68 m2) teve a minha cara, o meu jeito, o meu “eu que fiz”. Coloquei em prática várias idéias e dicas de revistas/blogs de decor. Fiz minha estante de caixotes. Cobri a parede da cozinha com papel contact. Encomendei minha cortininha xadrez para colocar embaixo da pia. Dormi espremidinha entre duas pessoas que amava (meu filho e meu então marido). Aprendi a cozinhar (o básico do básico) e vivi muitas histórias engraçadas com receitas-fracasso. Ia à pé para casa da minha mãe, olhando o comércio, mostrando as coisas para o Miguel. Lá, vivi um dos momentos que certamente marcará meu amadurecimento como mulher e ser humano, que foi meu divórcio. Lá, aprendi a me reinventar para não morrer. Redividi espaços. Ganhei espaço na cama, no guarda-roupa, perdi alguns no coração. Ganhei kilos. Sobrevivi para contar história e posso dizer que após esse processo, vivi momentos que vou lembrar para sempre nesse apartamento. No saldo geral, passei somente 3 meses casada lá e um ano inteiro vivendo só com meu filho. Eu e Miguel, Miguel e eu. Foi nesse apartamento que Miguel aprendeu a falar, correr, dançar, cantar. Desmamou. Foi para sua caminha (apesar de vir dormir comigo todas as noites). Aprendeu a se separar de mim e ir passar um final de semana todo com o pai e a família paterna. Ali, desenvolvemos um laço forte. E uma cumplicidade maior ainda. Éramos só nós dois e ali ele aprendeu que família pode ter vários formatos e dinâmicas. Muitas vezes (quase sempre) minha casa estava suja e desorganizada, mas a lembrança que fica é das sonecas loooongas na tarde inteira agarrada no meu filhote, da preguiça, de comer besteira, de assistir Tv e comentar no twitter. Nunca trocaria isso por uma casa impecável. Apelidada carinhosamente de “muquifo” (pela minha família), Miguel defendia arduamente, dizendo que não era, era a sua “casinha”. Deu certo. Fui feliz. Fomos, porque ali finalmente caiu a ficha que eu nunca mais seria sozinha.



2012- A grande novidade. A grande mudança. Se no outro apartamento foi aprendizado, autoconhecimento, agora é vida real, só que com um pouco mais de conforto. É uma outra cidade satélite (a uns 13 km de onde eu morava). Agora dirijo, fato que mudou minha vida. Amo dirigir. Amo não depender de ninguém. Agora tenho um cargo no governo que me exige muito mais. Agora eu não vou ter papi e mami por perto pra qualquer intercorrência. Agora finalmente vou poder buscar e levar Miguel na escola (antes, por causa do meu horário de trabalho não conseguia). Agora vou ter que me virar para jantar (alguma gororoba que eu fizer ou comer fora). Agora vou morar num apartamento 3 quartos, sendo que Miguel finalmente terá o SEU espaço.  Sei que trará desafios e dificuldades, mas é tão bom bater no peito e dizer “eu fiz” e “eu consegui” né? Essa mudança representa pra mim uma vida nova, com as redéas todas na minha mão dessa vez. Sabe quando você vê que finalmente a vida ta valendo a pena? Que você merece ser feliz? Um apartamento dos sonhos (pelo menos foi o dos meus. Aquele que no momento que vi, me imaginei ali e não pude abrir mão dele). Num bairro nobre (pero nem tanto, ao ponto de ter aquela gente chata classe A), a 5 minutos da escola do Miguel e meu trabalho. Fazendo o que gosto e sendo muito bem remunerada pra isso. Idéias mil de tonar aquele lugar o ambiente que agora sim, quero “quietar o meu facho” por um bom tempo. Quero a minha cara ali. Quero momentos felizes. Quero paz. Quero desfrutar de tudo que mereço, porque finalmente tenho certeza disso: eu mereço!



Por tudo isso e por tantos outros é que aconselho: MUDE.

Mude de roupa. Mude de gosto. Mude de opinião. Mude de lugar. Mude os móveis de lugar. Mude a cor da parede. Mude o canal. Mude de posição. Mude de marido, se for o caso. Mude. Mude a vista da janela. Mude por dentro. Mude por fora. Mude.

Geralmente as pessoas têm medo de mudança. Eu não. Eu tenho medo é de não mudar. Se dói deixar algumas coisas para trás? Dói. Mas para o novo vir o velho tem que ir embora. É difícil sair da zona de conforto e isso poder ser sua parede branquinha ou seu casamento falido, mas depois é recompensador. Acho que o grande barato de mudar é que se não der certo, a gente pode mudar de novo ué.

Não deu certo? Mude, recomece.

A lição de decoração que aprendi, mas que serve pra vida toda é que não devemos ter medo de ousar. Coloquei papel de parede na minha sala e pintei uma parede de tinta quadro-negro (lousa) e deu um trabalho paporra pra tirar, já que o apartamento era alugado, mas quer saber? Valeu a pena cada minuto daquela casa com a MINHA cara. Enquanto eu vivi ali, era a minha identidade, o meu gosto, o meu eu. Enquanto eu usurfruí foi meu, foi bom, valeu a pena. E que essa seja a lógica de toda minha vida e relacionamentos. Nessa vida nada é definitivo, não temos certificados de garantia e propriedade e que bom, nada é irreversível.

A vida é cíclica. Eu agradeço à Deus por isso.

Simbora começar tudo de novo.




Obs: Título do post inspirado nesse texto da Tati Bernardi

6 comentários:

  1. Lindíssimo post, Marília, parabéns! Essa postagem me fez refletir muito sobre algumas coisas da minha vida. Parabéns também pelas conquistas e por esse seu ânimo e esperança. E como está o Miguel na nova escola, tá gostando? Espero que vcs sejam cada vez mais felizes aí, nessa nova casa e nova etapa. Bjs.

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  2. Olha, ganhou uma seguidora. E uma admiradora.
    Gostei de vc. Da sua força, da sua coragem... Boa sorte nessa nova fase.
    Fique com Deus. ^^

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  3. Parabéns Marília. Mudanças geralmente causam medo, mas é necessário. Se você e seu filho estão felizes, significa que a mudança foi boa, pra melhor, e isso é o que realmente importa. E convenhamos, morar perto do trabalho é uma maravilha, vale todo o sacrifício que é mudar. Moro perto de Brasília (sou quase sua vizinha) e sei como é o transito da sua cidade pra cá. Deus me livre, rs... Bjs

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  4. Marília... eu nem te conheço, mas estou chorando e você é a responsável por eu ter borrado todo o meu rosto (risos). Metade por admiração e metade por empatia, pois temos histórias parecidas. Parabéns, mulher guerreira, por tudo isso que contou. Nós somos muito mais resilientes do que imaginamos e, sim, mudar é preciso, sem medo, sem delongas. E, passar o exemplo de sucesso nas mudanças é algo admirável. Beijos e sucesso sempre pra ti! Carol

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  5. Marília e seus posts...que eu adoro.
    Legal ter te conhecido, ter estudado contigo e hoje ver que crescemos tanto, amadurecemos - mesmo sendo cada uma pro seu canto e tendo suas histórias pra contar - mas posso dizer que te acompanho faz tempo e vejo toda a trajetória do Miguel virtualmente e digo que vc é guerreira sim e te dou PARABÉNS por isso, por tudo o que já viveu - apesar de ser tão jovem. Enfim, mude sempre que quiser,pois acredito que mudanças são sempre bem vindas.
    Minha pequena Sara tbm é de gêmeos. Legal!!!!
    Bjs no seu filhote e mais uma vez PARABÉNS por escrever bem, por nos tocar e principalmente por partilhar sua vida conosco.
    Vívian

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  6. Marília mulher GUERREIRA te admiro muito!
    Lu

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