sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Planta de soprar

Chamam ela de " taráxacoamor-de-homemamargosaalface-de-cãosalada-de-toupeira, dente-de-leão, sopro de anjo ou cabelinho de anjo" .  Em um dia difícil, numa manhã mais complicada ainda, indo deixar Miguel na escolinha, avisto essa plantinha (que  eu sempre chamei de "plantinha de soprar" ) embaixo da calçada, meio esmagada pelo meu carro, quase ofuscada pela agressividade do meio-fio cinza e sem graça. Foram segundos de beleza e nostalgia. Sempre brinquei de assoprar essa plantinha quando criança e não sei porque, rezava a lenda que a gente tinha que fazer um pedido antes de soprar.
Mostrei para o Miguel, que demorou a identificá-la. Arranquei, dei a ele e falei pra soprar. Ele não conseguiu. Demonstrei e assim que viu, ficou encantado com as partezinhas da planta ao vento. Falei do pedido. E fiz um também, por ele.





"Que nunca mais eu acorde com mamãe chorando. Que nunca mais eu é que tenha que ser o ponto de apoio de dois adultos que não se entendem. Que o amor que eles dizem sentir por mim seja materializado de maneira que eu não vire motivo de disputa, principalmente judicial. Que ninguém de fora tenha que dizer o quanto devo conviver com meu pai e minha mãe. Que eu possa ter os dois pertinho de mim, sem que eles precisem estar junto um do outro. Que eu não cresça vendo eles se desgastarem e entenda que se não há amor, deve haver pelo menos respeito. Que eu seja amado e cuidado pelo meu pai e pela minha mãe, porque eu amo e preciso dos dois. Que eu jamais volte a ficar doente por estresse ou tristeza, porque não pode ser coincidência que toda vez que minha mãe fique triste e nervosa eu também sofra fisicamente junto. Que eu tenha mais leveza e brincadeiras que uma criança deve ter e não mais seja o motivo de um cavalo de batalha. Que eu tenha duas casas que seja, mas apenas um lar. Que assim seja."




E chamam essa plantinha de esperança também.

(E de tudo o que sinto, esse sentimento talvez seja o que me leve adiante. Sem chão, sem rumo, sem saber o que fazer, sem saber se o que eu estou fazendo é o melhor para o meu filho)

E que pelo menos eu ainda consiga continuar vendo beleza e esperança no meio do cinza.




3 comentários:

  1. Não sei se é verdade a lenda dessa plantinha... mas creio muito no poder da oração e é isso que vou fazer por você. Acompanho a linda historia do Miguel contada por vc aqui nesse blog ele não merece ler post triste quando crescer ( mesmo sabendo que a vida não é tão "cor de rosa")não me diz respeito o porque do momento triste que esta passando, mas tu é forte e isso vai passar. o Miguel tem uma mamãe maravilhosa e ela vai conseguir sair dessa situação chata!
    Um abraço
    LU

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  2. Que lindo! Fiquei comovida, porque também é o que eu espero. Meu ex marido e eu nos separamos quando Mateus tinha 11 meses. Moro no Gama e ele em Taguatinga, ou seja, Mateus tem 2 casas e eu espero que seja apenas 1 lar também.
    Beijos nossos.

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  3. Oi, Marília,

    poxa, fiquei sensibilizada lendo essa postagem. As coisas são tão difíceis, não é? Eu não sabia que as coisas estavam assim, mas a vida é meio vai e vem, altos e baixos e eu acredito que vc esteja fazendo o melhor para o Miguel, sim! O outro post que vc escreveu mostra o quanto suas atitudes têm por base muita reflexão e, sobretudo, a preocupaçao de que o Miguel tenha convivência com vc e com o pai na mesma medida.Essa linda mensagem é também uma oração. Que ela possa ser atendida e contemple não só a você e a sua família, mas a tantas outras que enfrentam uma situação tão desgastante. Vai ficar tudo bem, Marília. Você é uma mulher e mãe muito responsável, lutadora, inteligentíssima e amorosa. Sei que de suas decisões e ações sempre virá muita coisa boa para o Miguel. Confie, Deus está iluminando você.
    Beijos para vc e para o Miguel,
    Lúcia.

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