quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Porque lugar de homem é...na cozinha (Parte 1)


Tá tudo bem, típica frase feminista ultrapassada e excludente e bláblá. Lugar de homem é onde ele quiser, maaaas eu tô educando um homem bacana pra esse mundo, vá.
Miguel brinca de panelinhas, comidinhas, de ser papai, de lego, de carrinho, de riscar a mamãe, de imitar cantores de pagodes e tudo mais que der na telha. Aqui em casa tem dessa de "coisas de menino" e "coisas de menina" não . Ele mora só comigo, então sei lá, tenho medo que ele veja só eu (mulher) executar as tarefas domésticas (apesar que a cena é raríssima) e crescer acreditando que isso é tarefa inerente à condição feminina.
Como macho alfa que é, se deita no sofá, assistindo o programa da Fátima Bernardes (achei uma puta falta de sacanagem tirarem a TV Globinho do ar) e a cada 10 segundos me solicita algo e numa coisa meio Homer Simpson arrota e joga longe os utensílios usados para sua saciedade. Hoje um copo com restos de mucilon, amanhã uma latinha de cerveja. 
Então, decidida a não tornar meu filho um ogro machista, tô inserindo ele em minha agenda de tarefas domésticas. Até porque minha gente, a maternidade finalmente compensa quando seu filho (a) já serve pra te fazer pequenos favores, né não? Não, não é exploração do trabalho infantil, mas apenas uma maneira pedagógica, cof, de ensinar pra vida.

Bom, brincadeiras à parte, a verdade é que Miguel chegou numa fase que não se distrai mais com Tupperwares (se alguém souber o plural dessa merda de vasilha de plástico, me avise) e dvd da Galinha Pintadinha. É um pequeno perguntador inquieto num apertamento de 40 metros quadrados, imagine. Ele só fica meio período na creche (porque só trabalho 10 dias por mês, chupa mundo!), então toda manhã eu tenho que fazer as coisas (leia-se tuitar, facebookar, blogar, ver tutorais de maquiagem na internet que nunca conseguirei fazer  e afins) com ele grudado em mim. Antes, ele ia à escolinha de manhã, já que madrugava as 7 da matina mesmo. Daí a tarde ele estava moído e quando chegava, dormíamos a tarde inteira de conchinha enquanto o proletariado produz mais valia por aí. Perfect! (Não a parte da exploração capitalista). Mas agora ele deu pra ser adolescente e acordar, 10:30 h , 11:00 horas.
Tá, gente, desculpa.
Eu tive uma gestação tranquila sem estrias, náuseas, enjoos e fiquei com uma pele ótima, um parto natural, amamentei indolor, meu filho sempre dormiu a noite toda, e tudo isso vestindo 36, e agora ele acorda 11:00 da manhã. Desculpa sociedade.

Maas antes que vocês me ENVEJEM e coloquem meu nome na macumba: 11:30 h é só as finais de semana. Dia de semana ele acorda por volta de 9 horas. Ok, ok. Daí que de 09:00 as 13:00 h (veja bem, 4 looooongas horas) eu sou mãe integral (sem gorduras trans). Tem à noite também, mas aí a maioria das vezes vou pra casa dos meus pais, onde consigo abrigo e comida feita na hora, ou ele vai para o pai dele.
Enfim, durante essas 4 horas eu tento realizar pequenas tarefas (tipo ir ao banheiro) sem ter que responder "que isso, mamãe" a cada objeto da casa ou coisas como "tompa o sol pra mim" (comprar o sol pra ele, daí que eu respondo que não sou o Luan Santana, apesar da discreta vesguice).

E aí que eu consegui a perfeição dos céus: entreter ele e conseguir fazer as coisas. É simples: só deixar ele participar. É parece óbvio, mas pra mim não era. Eu queria lavar a louça (tá mentira, não queria, mas tinha que levar visto que já não havia um vasilhame limpo na casa) e não podia porque tinha um moleque enchendo meu saco no meu pé. Agora se tenho que lavar a louça, coloco uma cadeira do lado e ele me ajuda. Óbvio que não dou nada cortante, nem de vidro ou algo que possa machucar. Ele por exemplo gosta de enxugar. E de esfregar vasilhas. Veja minha gente, se ele não tem o dom:


 
(Esfregando a vasilha como se não houvesse amanhã)

E a carinha dele de empenho e depois de orgulho por ter ajudado a mamãe, não tem preço. Ficava toda hora olhando pra cozinha e dizendo "eu lavou a louça". Daí que além de tudo é ótima oportunidade pra estreitar o vínculo, ter tempo de qualidade, ensinar coisas importantes como não desperdiçar água, o que pode e não pode ser manuseado por ele, sentir peso/tamanho dos objetos, aprender nomes, saber utilidade das coisas e né, ter louça lavada de graça. Tá, não é um grande ajudante (literalmente), mas dá um apoio moral e orgulho de saber que eu tô ensinando meu filho a ser um homem bacana no futuro.

Não to falando pra explorarem os filhos de vocês, nem que apartir de hoje uma criança de 2 anos vai entender de responsabilidades, mas a intenção é essa: educar. E não se educa de um dia para outro certo?

( Nota mental: Filmar ele me pedindo pra ajudar a lavar a louça/limpar a casa/jogar o lixo fora e mostrar pra ele quando estiver na adolescência.)

E seguimos nessa rotina. Nesse mesmo dia nos empolgamos tanto que fizemos um biscoitinho juntos. A idéia é continuar assim, porque né, não se mexe na educação de filho que acorda tarde e lava a louça do café. Time que tá ganhando.


Ps: Aconselho uma cadeira mais segura e que observe se seu filho está à beira de cair antes de publicar um post desse, afinal, alguém pode te denunciar. Alô Conselho Tutelar! 

Um comentário:

  1. Oi, Marília, saudades! Muito legal a sua postagem. Acho que os meninos têm começar assim, pequenos, a desmistificarem essa ideia de que tarefas domésticas são coisa de mulher. Sabe que semana passada, nas minhas turmas de inglês (os alunos têm de 11 a 14 anos)estamos aprendendo vocabulário relativo a atividades de rotina. Aí, começamos a conversar para praticar o vocabulário e para trocar ideias mesmmo. Então, eu perguntei a vários meninos se eles ajudavam em casa, o que faziam, se os pais cozinhavam e, a maioria das respostas foi negativa. Senti mesmo que alguns tinham até orgulho de dizer que não faziam nada. Você vê, né? O mundo munda tanto, mas a velha divisão de tarefas entre os gêneros continua a mesma: os homens, na maioria, não assumem o cuidado do lar como responsabilidade também sua. Quando fazem algo é só para dar uma ajudinha, só por hoje...Tomara que o Miguel e os outros meninos filhos de mulheres como você possam começar a mudar um pouco as coisas! Grande beijo!

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