sábado, 22 de maio de 2010

Os pais também são mães

Dia 22 de Julho de 2009: naquela manhã preocupada no banheiro, minha vida tava sendo (re)desenhada. Junto com duas listrinhas rosas se formando, foi nascendo também uma mãe. Já a caminho do trabalho, antes do exame beta, eu já fazia planos e procurava siginifcados de nomes pro meu filho. Já sentia esse sentimento de amor incondicional surgindo.
Minha barriga foi crescendo e também meu instinto que a protegia pra não encostar/bater nos lugares. Meu corpo mudava. Me tornei mais sensível e chorava por qualquer coisa. Do outro lado meu companheiro ainda via a mesma barriga (embora me iludisse dizendo "nossa, como cresceu"), ás vezes sequer entendia meu excesso de sensibilidade. Ainda via a mesma mulher. Ainda não via um filho. Pelo menos não como eu, ou como qualquer outra mãe já sente nesse período. Ele chorou, apertando minha mão no primeiro ultrassom ao ouvir as batidas do coração do Miguel. Tava visivelmente mais emocionado que eu. E entendo. Foi a primeira coisa "paupável", que mostrava ele como pai. Pra mim não. Embora esse exame tenha me marcado também, não precisava daquilo pra sentir meu filho, pra me sentir mãe. Acho que é por isso que as parteiras não precisam de ultrassom. São mulheres, fêmeas, mães. Mas o homem não. Acompanha a gestação do lado de fora, talvez sentindo-se um pouco intrusos nessa história.
Até o bebê começar a mexer e a reagir a uma certa voz grossa. E como o Miguel mexia quando o Heitor cantava "mexe pro papai" (acompanha uma dancinha esquisita). O nascimento ocorre e no nosso caso, posso dizer que Miguel só veio ao mundo porque o Heitor estava presente. Foi quase o "parteiro". Foi o "co-piloto" dessa viagem sem volta que é a paternidade. Mas acabado esse momento mágico chamado nascer,volta-se ao lugar em que a presença do pai não é tão imprescíndivel assim. Tínhamos em casa um bebê que só precisa da mãe e mais nada. Que acorda de madrugada, que chora sem o pai saber porque (até hoje o Heitor me pergunta porque o Miguel tá chorando), que não respeita horários, nem rotina e que roubou o corpo quente e os carinhos de sua mulher (além dos peitos né? rs). Por hora, me senti tão importante, tão essencial ao meu filho que no primeiro mês de vida me recusei a acordar meu marido uma noite sequer pra uma troca de fralda. Fazia mil recomendações quando ele ia segurá-lo no colo. Era eu, a super mãe, que mesmo exausta e com olheiras supria todas as necessidades do meu filho. O pai? Pra quê? O marido? Ah, isso não é hora pra marido.
Dias atrás reclamei que os pais nunca conseguem acalmar seus filhos. Por que na hora do aperto é pra nós que eles entregam os bebês, mesmo que eles não estejam com fome. Percebi que no meu ímpeto de ser perfeita, nunca deixei espaço pro meu marido ser pai. E daí que o bebê tá com sono e ele tá é agitando o menino? E dái que ele nunca sabe apertar a fralda direito? E daí que as roupas que ele escolhe pro Miguel usar nunca combinam? Ontem estava aqui no computador e dei o Miguel pro Heitor segurar. Ele o levou para o nosso quarto. Eu tava tão concentrada aqui que nem percebi o tempo passar, fui lá e o Miguel estava no quinto sono. Primeira vez que o Heitor fez o filho dormir, assim, do jeito dele (tá, ignora a ajuda da cadeirinha que vibra da Fisher Price). Confesso que senti uma pontinha de ciúme e medo de daqui pra frente não ser mais tão essencial assim pro Miguel. Até porque, sei que logo logo ele não precisará SÓ do meu leite pra se nutrir (pausa pra choro antecipado) e precisará do pai tanto quanto de mim.
Finalmente entendi que a gestação dos pais é mais longa, e daqui do lado de fora. Enquanto nós mulherescsomos mães desde o exame de farmácia, eles se descobrem pais nesses intervalos que deixamos eles serem. Não se trata de uma competição. Sei que meu lugar de mãe é inalcançável. Sei que só eu conheço cada chorinho do meu filho. Que eu sei todas as formas de acalmá-lo e que sou a figura da proteção, do colo certo, do amor. Mas essa relação que só os pais conseguem ter com os filhos (ainda mais pai com filho menino) eu nunca vou ter. Sei que o Heitor vai ser o herói do Miguel e vou ter que aprender a conviver com DOIS MENINOS em casa pro resto da vida (mas pretendo que o Miguel pelo menos abaixe a tampa da privada). Mas quer saber? Tô cada dia mais apaixonada nessa história de ser a única mulher da casa. Agorinha fui ao quarto e estavam os dois, dormindo, um ao lado do outro. Fiquei encostada na porta e pensando como sou realizada, como é fácil ser feliz.


Hoje pela manhã, quando ia escrever sobre outra coisa aqui no blog, vejo essa cena (tão corriqueira aqui em casa) e vejo que definitivamente tem um PAI por aqui. Um pai que não teve seu corpo modificado, que não sentiu a dor do parto, que não levanta de madrugada pra amamentar, mas um pai que tá construindo cada dia esse significado, que a cada manhã é mais
pai, quase uma mãe.

Observação: Miguel é muito tagarela!

11 comentários:

  1. muito lindo tudo o que vc escreveu...

    e que gostosura esse vídeo!

    Muita saudade dessa fase... é boa demais e passa muito rápido!

    bjs

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  2. Que lindo Marília!
    Infelizmente meu marido está morando em outro estado, mas queria muito passar por esses momentos...terei que esperar um pouco...
    Aproveita bem, pois não temos idéia o quanto faz falta ter nosso companheiro do lado, mesmo que seja pra não o chamarmos de madrugada!
    Bjinhos!

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  3. Este é só um teste; se der certo comento depois.

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  4. Puxa, Má, como mãe de 2 mesninos seibem o que vc está falando. Eles têm mesmo uma cumplicidade com os pais, tipo "coisa de menino", sabe? (esporte, pescaria, filmes, alguns hábitos ou a falta deles..hehehe). Mas tem pelo menos 2 lados bons nessa história: o primeiro é que foi nós quem o escolhemos para companheiro nosso e pai dos nossos filhotes, ponto nosso então!! O segundo é que "reinaremos" como a "menina" deles, até que apareçam as namoradas, é claro! Olha, mas não tem nada, nada mesmo que substitua uma mãe e a sabedoria dela, principalmente se for "coruja" (símbolo de sabedoria!!). Eu sou mãe coruja ASSUMIDA!!! bjoss

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  5. Parabéns pelo bebê! Curte bastante q esta fase passa rápido! Tudo de bom!!

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  6. lindo o que vc escreveu!!! tbm acho que é bem fácil ser feliz ainda mais quando temos uma familia perfeita e unida..parabéns que Deus os abençoe sempre....vou passar por aqui sempre tá? bjs

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  7. Que lindo esse post Marilia, concordo com tudo! Eles demoram muito mais, meu marido surtou no primeiro mês, embora ele não tenha demonstrado eu acho que só começou mesmo a curtir quando o bebê começou a se mexer e a interagir com ele... Agora, fora do útero é outra coisa, ele ama o filho, mas quando ele chora quem cuida é a mamãe mesmo :)
    Lindo post, lindo vídeo!
    beijos!

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  8. Ola bom dia.
    Descobri seu blog recentemente e adorei. Tenho visitado sempre e este post realmente é lindo.
    Estou gravida de 25 semanas de um menino que, por coincidencia, tambem se chamará Miguel
    Tenho um bloguinho tb onde conto o dia a dia da minha filha Yasmin. Se quiser posso te likar la, é só autorizar.
    Bjs
    Kátia, Yasmin e Miguel
    http://yasmineseumundo.blogspot.com/

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  9. É bom demais ser mãe, não é? Eu vou fazer um blog para meu pequenino...em breve vou divulgar tb .



    Adorei..seu blog...estou navegando para divulgar meu blog.

    Visite meu blog e se gostar vai ser um prazer ter sua companhia.

    bjs

    www.tatidesignercake.blogspot.com

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  10. Lindo demais Marilia, me emocionou bastante teu relato...como boa chorona que sou...Aqui em casa notei uma coisa, o tempo do Manfred é bem diferente do meu no quesito sensações, ele se emocionou no dia q fizemos o teste de gravidez, no primeiro US, porém ele ainda não sabia distinguir uma mexida do nenêm do meu movimento de respiração e afins, mas ontem a noite, conversamos e o Davi começou a mexer...e pela primeira x respondeu a uma ação do papai...e notei q ele se emocionou...
    E é assim, o tempo deles é outro, assim como nasce uma mãe desde da hora q vc sente que sua sementinha ta brotando, nasce também um pai, com um pouquinho de atraso..rs...mas eles chegam lá...
    Parabéns a família e que Deus abençoe mto vcs!

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